sábado, 20 de junho de 2009

Realida X Mundo Imaginário



O que existe por trás dos enredos das histórias infantis? Sabemos que elas existem, pois atende as necessidades reais do ser humano. Após estudar muito e com auxílio do livro de Bruno Bettelheim, “ A psicanálise dos contos de fadas”, passei a perceber que os contos vão muito além do faz de conta, eles respondem às nossas necessidades, angústias, medos e, de forma inconsciente explicam e nos ajudam com a realidade. As crianças demonstram grande interesse porque essas histórias apresentam, de alguma forma, a solução “problemas”. Medo de ser abandonado pelos pais, de escuro, de bichos e tantos outros. Medos que fazem parte da insegurança natural de uma criança. Em contato com a história a criança projeta seu mundo nos personagens e eles atuam de modo a colaborar na resolução desses sentimentos. Muitos processos ocorrem quando a criança escuta uma historinha. Ela se identifica, sofre, comemora, ou seja, vivencia de forma inconsciente a historia que está ouvindo. E, com isso, consegue criar dentro de si ferramentas para vencer os dramas superados pelos personagens, uma vez que eles mesmos mostram que venceram. E fica aliviada e contente ao saber que existe esperança para solucionar todos os problemas, como os seus próprios.
Nos contos de fadas podemos encontrar a figura do pai-herói, que protege e soluciona os conflitos, como o caçador, personagem de Chapeuzinho Vermelho. A criança se sente realizada ao saber que mesmo diante de um conflito que parece insolúvel (o lobo mau devora a vovozinha) o personagem está a salvo graças à intervenção heróica do caçador, ou seja, o pai salvador. As histórias também ajudam a criança a amadurecer. São um caminho de esperança para problemas que parecem não ter solução. Com isso os pequenos ganham ânimo para enfrentar as questões do dia-a-dia.
É comum uma criança pedir para ouvir a história diversas vezes. A repetição, na verdade, é uma forma de ajudá-la na elaboração de angústias e conflitos. Nós adultos, por exemplo, repetimos um fato ruim que nos aconteceu. O rompimento com o namorado é motivo para dias e dias da mesma história. Não vamos solucionar o problema, mas a repetição ajuda na elaboração de respostas inconscientes, que fazem com que solucionemos a questão internamente.
Vale lembrar que os contos nunca devem ser traduzidos pelo leitor, as crianças devem passar a entender o enredo da história, conforme o seu desenvolvimento.
Não tenham medo de expor a criança às figuras do mal, da morte, do abandono, são etapas necessárias na narração a medida que a criança que receberá essa história, possa também um dia viver uma dessas experiência, então será de maneira muito menos dolorosa

Um beijo

Juliana Akaishi

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Um pouco dessa maravilha...

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A função do contador, assim como pais e professores, é explorar a função educacional do texto literário: ficção e poesia por meio da seleção e análise de livros infantis; do desenvolvimento do lúdico e do domínio da linguagem Estratégias para o uso de textos infantis no aprendizado da leitura, interpretação e produção de textos também são exploradas com o intuito final de promover um ensino de qualidade, prazeroso e direcionado à criança.